Jamelli Revela Pior Momento na Carreira de Neymar e Bastidores do Santos

A Marcante Passagem de Jamelli pelo Futebol e a Gestão no Santos

Paulo Roberto Jamelli Júnior, aos 50 anos, relembra sua trajetória no futebol, marcada por momentos de sorte e desafios. Revelado na era de ouro do São Paulo, ele vivenciou o auge da seleção brasileira e enfrentou os Galácticos do Real Madrid. Sua carreira tomou um novo rumo quando se tornou dirigente, aceitando o cargo de gerente de futebol do Santos em 2010. Lá, ele se viu no centro da gestão de um grupo que revelou Neymar, o principal jogador brasileiro das últimas décadas.

Jamelli descreve o ambiente do Santos na época como um caldeirão de jovens talentos: "Era uma molecada que tinha energia. Ganhando bem, famoso, aparecendo na TV, sendo paparicado, mulherada, festa". Ele relata a dificuldade em conciliar a vida de celebridade com a disciplina esportiva, mencionando os convites para programas de TV e a necessidade de manter o foco nos jogos. Segundo ele, o técnico Dorival Júnior tinha uma visão clara sobre a prioridade dos jogadores: "Dorival, cara, a gente dava. Não, não, eles não são atores, eles são jogadores".

O Episódio Neymar-Dorival: Um Ponto de Inflexão

O ponto mais delicado de sua gestão no Santos , segundo Jamelli, foi a discussão entre Neymar e Dorival Júnior. "Eu acho que foi o pior momento da carreira do Neymar", afirma. O episódio, que culminou na saída do treinador, envolveu a revolta de Neymar ao ser impedido de cobrar um pênalti contra o Atlético-GO em 2010. Jamelli descreve a postura de Neymar como "muito mal" e relata um encontro posterior onde o jogador concordou com sua avaliação.

Jamelli: Entre Galácticos e o Futebol Espanhol

Antes de sua incursão na gestão esportiva, Jamelli brilhou nos gramados, inclusive no futebol europeu. No Zaragoza, da Espanha, onde jogou entre 1998 e 2003, ele se tornou ídolo. Jamelli teve a oportunidade de enfrentar equipes de alto nível, como o Real Madrid dos Galácticos. Ele relembra com humor uma tentativa frustrada de dar uma falta no craque Zidane durante um desses confrontos: "O cara que mais me impressionou jogar contra era o Zidane. Cara, ele não dominava uma bola parado. Ele sempre dominava com uma perna e tocava. Eu queria chegar nele para dar uma falta e não dava tempo, cara".

Sua passagem pelo Zaragoza foi tão marcante que ele se tornou um ícone local, com direito a um lanche com seu nome em um restaurante da cidade. "Tem uma lanchonete lá que tem um restaurante com o nome dos jogadores. Daí tem um lanche de calabresa lá que é Paulo Jamelli". O ex-jogador admite ser mais reconhecido em Zaragoza do que em São Paulo, mesmo tendo atuado em grandes clubes do estado.

A Breve Passagem pelo Corinthians e o Fim de Ciclo

Após o sucesso na Espanha, Jamelli teve uma breve passagem pelo Corinthians em 2003. Ele lamenta o desmanche da equipe, que o impediu de alcançar o sucesso desejado. "Era um timaço do Corinthians. Quando vi a proposta eu falei: 'Pô, eu vou entrar nesse time, ou jogar bem, o time é bom'. Só que eles esqueceram de me avisar que eles iam vender todo mundo, né? Cara, eles desmontaram o time", revela.

Jamelli também relembra o dia da goleada sofrida contra o Juventude, que culminou no pedido de demissão do técnico Geninho ao vivo na TV. "O Mauro Naves fez a entrevista e a gente estava saindo do campo. Você não vai prestar atenção no que o técnico está falando. O Geninho era um cara demais, eu gosto dele demais, cara. Um cara sensacional, irmãozão. E ele fala assim: 'Não dá mais para mim, eu não sou mais técnico do Corinthians, cara'. Ao vivo na Globo, depois do jogo".

A trajetória de Jamelli, repleta de experiências marcantes no futebol, serve como um testemunho da complexidade do esporte, tanto dentro quanto fora de campo. Ele personifica a figura do jogador que ascendeu a dirigente, vivenciando os dois lados da moeda e deixando sua marca em diversos clubes e contextos.